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segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Desilusões

Tenho evitado ao máximo falar de ti, escrever sobre ti, ou o que seja relacionado contigo, mas desta vez vou ter de o fazer, por parecer que só me cruzo com réplicas de ti, e não refiro a um nível físico, mas a nível de falta de certezas na tua vida. Cada vez mais me cruzo com pessoas que não estão dispostas a assumir, tanto aquilo que sentem, como uma possível relação. Apenas querem que algo exista dentro de quatro paredes, dizem banalidades e fazem promessas durante esse momentos juntos e no dia a seguir acordam com arrependimento e tratam-me como se nem existisse. E quando me limito a expor o que sinto, seja positivo ou negativo, ainda têm a lata de me dizer que se sentem pressionados, que eu estou a exigir demasiado e que só querem ir devagar, quando eu nem estou a pedir nada a ninguém, apenas a expor o que sinto em relação à postura dessa pessoa ou como me faz sentir.

Estou sinceramente cansada desta conversa de adolescente em pessoas acima dos 30 anos. Todos andamos cá sem saber o que andamos a fazer, todos temos medos e já fomos fudidos o suficiente para agora nos deixarmos queimar facilmente, mas andar constantemente em águas de bacalhau, sem definir o que se tem e deixar arrastar essa situação por anos, é simplesmente não querer o que se tem. Pra isso fiquem longe, não venham falar em amor quando claramente não sabem o que isso é, não falem em pressão ou ir com calma quando só querem mesmo é dar umas voltas e não perder essa pessoa pra poder aquecer de vez em quando. Deixem de ser cobardes em não admitir o que sentem e não, não estou a falar de uma mega declaração de amor como tanto tu como outros tantos já o fizeram, que sou a melhor maravilhosa dos vossos sonhos, que sou perfeita e que têm medo de me perder, que me querem apresentar aos amigos e sair para me conhecer melhor... e depois passam semanas sem dizer nada e ainda exigem que seja eu a mandar mensagem de vez em quando e a importar-me com quem não me quer de todo na sua vida! Digam a verdade, digam que só me querem porque sabem que vou ficar, porque quem realmente ama aqui, quem realmente se importa aqui, quem realmente está presente aqui, quem realmente aguenta com as vossas merdas aqui, quem vos diz realmente o que sente aqui, quem realmente é transparente aqui, quem realmente não vos engana aqui SOU EU, mais ninguém.

Chega de me quererem apenas quando me farto de merdas mal definidas e vos dou para trás e quando vos dou uma oportunidade, que são vocês que me pedem, voltem a tratar-me como merda que não sou, porque a verdade é que eu sou o mulherão que tanto vos assusta, que tanto vos ofusca, sou a mulher dos vossos sonhos, independente, com casa própria, contas em dia e completamente desiquilibrada. Sou aquela mulher que dá beijos ao deitar e acordar, que quer conchinha a meio da noite, que te vai puxar a toalha ao sair do banho e deixar-te louco com provocações seja em que parte da casa for. Sou o tipo de mulher que vai chorar baba e ranho ao ver um filme e dar a gargalhada mais sincera e ruidosa à mínima piada e sempre que estiver genuinamente feliz. Sou aquela mulher que vira criança quando vê animais ou coisas fofas nas lojas, que vai correr livremente no parque ou rebolar na areia sem se importar com nada nem ninguém. Sou a louca que canta no carro e inventa nomes de cidades, que baixa o vidro e põe o braço de fora e se for preciso ainda se senta na janela da porta, sou uma amante de aventuras a pé, quero caçar estrelas à noite e passear sempre de mãos dadas. Não vou ter vergonha de te beijar em qualquer canto do mundo, vou passar horas a limpar com música aos berros e obrigar-te a ajudar-me para ainda dançarmos juntos. Vou cuidar de ti quando estiver doente e ser insuportável quando for eu a estar doente, com uma carência do tamanho do mundo. Mas no fim de contas, vais ter o meu coração, a minha atenção, o meu carinho, o meu colo... tudo o que queiras de mim.

Agora alguém que me explique, qual é o medo que eu vos causo? 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Textos Antigos

Finalmente imprimi alguns textos antigos que tinha perdidos em ficheiros guardados numa pen e comecei a ponderar um novo livro com estes textos. Voltar a ler algo escrito há tanto tempo, possivelmente com vinte anos de idade, foi uma viagem no tempo agridoce. Primeiro, pelo ingenuidade do olhar e da paixão pela vida. Era tudo tão intenso, tão verdadeiro e tão arrebatador, que o impossível parecia ser possível naquela altura. Segundo, pela intensidade da escrita, pelos detalhes, pelos lugares comuns, sempre a mesma inspiração, uma terra que me fazia sonhar acordada com amores (im)prováveis e com um estilo de vida simples e calmo. Terceiro, voltar a ser aquela jovem que acreditava piamente no amor, nos sentimentos, nos riscos, na liberdade, num futuro feliz sem grandes reviravoltas... sinceramente já nem sei quem ela é. Voltar a recordar o lugar e as pessoas que me tinham inspirado a escrever tamanha forma de amar, foi um momento feliz mas ao mesmo tempo foi um murro no estômago, ver o que se perdeu, o quanto tudo mudou, desde eu mesma àquela terra por quem deixei a minha vida toda para trás para não se tornar no sonho que eu tanto desejei.

Acabei por dar por mim a pensar que precisava de uma vida nova: fazer as malas, deixar esta vida toda para trás, recomeçar do zero num outro país, onde não conhecesse ninguém e principalmente onde ninguém soubesse nada de mim. Ser uma verdadeira desconhecida no mundo, ser um fantasma nas sombras da vida, ser eu própria na minha pele, com oportunidade de me reconstruir da forma que bem entendesse. Sim, uma visão muito cinematográfica. De preferencia um país nórdico, tipo Escócia, cheio de neve e com poucos dias de sol, com castelos e ruinas para visitar mas onde me pudesse recolher o máximo possível dentro de quatro paredes e ao mesmo tempo poder dar longos passeios pelo campo, passar horas a fio a ler um livro no meio da erva, acender a lareira e deixar a neve cair na rua, dançar enquanto ela caia, ou até mesmo num dia de chuva. Ter oportunidade de me sentir mais livre do que nunca.

O que é irónico visto eu ter decido vir para esta terra precisamente porque aqui me sentia livre, sentia que podia viver coisas diferentes todos os dias, um encanto que apenas durava durante o mês de Agosto e que tive de aprender à força quando me mudei de malas e bagagens para cá. Vim atrás de uma utopia que agora sei que assim é, mas antes estava longe de pensar que assim seria. Acreditava piamente que iria encontrar a felicidade, alguém para partilhar os meus dias, ter um pequeno negocio local que me permitisse pagar as contas ao fim do mês sem ter de depender de ninguém e ainda ter a liberdade de fazer os meus horários de forma a ter tempo para os meus hobbies, as minhas artes, as minhas paixões... Nada disto aconteceu, absolutamente nada do que eu fiz e tentei fazer rumaram para isso. Todos me diziam que só tinha vindo perder qualidades para este fim do mundo, que tinha fugido de um desgosto de amor, que apenas estava a ser teimosa. O que ninguém entendeu e ainda hoje não entendem é a minha necessidade de vir atrás de um sonho, de uma vida plena e em paz, de uma felicidade completa através de um sentimento de realização.

Posso não ter sido bem sucedida mas sei que, aos poucos, conquistei outras coisas, mas o preço a pagar foi caro. Desilusões atrás de desilusões, não apenas amorosas mas com a própria família, alguns amigos que se foram revelando pelo caminho, e principalmente a nível laboral. Sinto que fui obrigada a crescer rápido para aprender a não confiar em ninguém, a não revelar quem realmente era ou sou, a não ser simpática para não permitir que quisessem saber tanto ou mais da minha vida do que eu. Tive a infelicidade de me cruzar com muita gente invejosa e cruel, que fez de tudo para eu voltar para o sitio de onde tinha vindo, mas (ainda) não conseguiram, e no que depender de mim não irão conseguir. Às vezes é preciso que nos tentem destruir para podermos tornar mais fortes, mas a vida tem formas inadequadas de nos obrigar a perceber que realmente somos mais fortes do que aquilo que pensamos.

Tudo isto porque já não me reconheci nas palavras que escrevi, já não consigo rever naquela forma de admirar alguém ou de me poder voltar a apaixonar assim. Pelo menos ainda deu para dar algumas gargalhadas por perceber que aqueles amores de verão acabaram até por ser correspondidos anos mais tarde, quando eu já nem conseguia olhar pra eles da mesma forma. Nem mesmo aquela aldeia me parece a mesma. O brilho desapareceu, o encanto daqueles momentos passados por lá já não existe, tudo virou sombra e saudosismo, o que me deixa sempre triste por saber que é um lugar com potencial para crescer e ter coisas boas, mas que ninguém se preocupa com isso. Tudo por interesses políticos ou simplesmente falta de interesse pela comunidade, visto que cada um só tem olhos para o seu próprio umbigo. Mas voltando aos textos, talvez até faça sentido compilar e lançar para o mundo a Tessa apaixonada que já fui, a menina de coração rebelde, de sonhos infinitos, de noites quentes de verão onde fui realmente feliz, num local que me ensinou tanto, de bom ou de mau, não importa, o que importa é que faz parte de mim, sempre fará. Talvez eu já não seja essa Tessa, sei que não sou, mas já fui e não deve ser esquecida... E a ti, obrigada por estares aí.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

Novas Regras do Jogo

Este ano decidi fazer um voto de silêncio na minha vida.. Não quer dizer que deixe de falar, nada disso, mas tal como o fim do ano é um momento de fazer limpezas, de energias, de situações ou pessoas na nossa vida, também vale a pena repensar naquilo que andamos a dizer, sobre nós, sobre os outros, a manifestar ou desejar, os sentimentos que demonstramos e as reclamações constantes do dia a dia. Se há coisa que tenho sentido cansaço é disso mesmo, estar constantemente insatisfeita e a reclamar, principalmente no trabalho. E uma das principais mudanças vai mesmo ser nesta área já que sou sempre a mais mal interpretada pelas minhas manifestações de descontentamento. Sou conhecida como a "mau feitio", porque tenho sempre uma resposta pronta a disparar, um parecer sempre a dar e uma voz para ser ouvida quando algo está do meu desagrado.

Já fui a pessoa mais simpática à face da terra. Sempre tive um sorriso para dar, uma gargalhada que enchia uma casa ou qualquer espaço onde me encontrasse. Embora me considere uma pessoa introvertida e antissocial, sei ser bastante divertida e brincalhona, mas com o passar dos anos essa capacidade foi-se perdendo. Não por mim ou por falta de vontade em ser e demonstrar ser bondosa e carinhosa, mas sim pela falta de sensibilidade das pessoas com quem me fui cruzando ao longo da vida. E principalmente os trabalhos que tive. Quando trabalhei num café, comecei a perceber que as pessoas confundiam simpatia com confiança e logo aí comecei a ser mais ríspida e seletivamente simpática. Não era uma questão de gostar mais ou menos de alguém, mas sim de saber a quem podia dar mais e quem não podia dar nada desse meu lado simpático e atencioso. Outro trabalho marcante foi no escritório de uma das principais empresas fabricantes de parque infantis a nível nacional. O ambiente era nojento, desde os patrões aos empregados, os colegas de trabalho a cada dia se moldavam mais e mais ao feitio e personalidades dos patrões para poderem agradar e mostrar serviço, e poder confiar em alguém nestas condições tornou-se um jogo de desconfiança. Mais uma vez os sorrisos foram perdendo forma, dando até lugar a muitas lágrimas de exaustão emocional, numa das piores fases da minha vida a nível pessoal.

Olhando para trás nem sei como consegui sair do poço em que estava envolvida, nem sei como voltei a ter a capacidade de voltar a sorrir depois de tanto sofrimento. E sofrer calada dói o dobro de tudo o resto. Mas a verdade é que voltei a sorrir, encarei tudo como novidade ao entrar uma das maiores empresas a nível mundial do mundo da bricolagem e conhecer pessoas mais boas e mais atenciosas foi uma ajuda para, aos poucos, ir recompondo partes de mim que se tinham desfeito. Mas foi uma felicidade que durou pouco tempo, porque o atendimento ao publico exige habilidades para as quais eu simplesmente já não me sinto capaz, por falta de paciência com a estupidez humana. Mais uma vez notei que a simpatia e confiança são dois conceitos que não coabitam em consenso na cabeça dos habitantes desta cidade, desta terra ou desta parte do país. E pouco a pouco isso transforma uma pessoa, a impaciência torna-se num habito para um refugio de segurança e uma garantia de que ninguém vai ultrapassar limites. Atenção que adoro atender, adoro ser atenciosa e prestável, adoro dar explicações, dar soluções e opções, adoro gente curiosa para aprender a fazer e adoro que me possam ensinar também… mas infelizmente este é o cliente especial que não temos acesso todos os dias. É como ganhar uma lotaria, existe um num milhões que realmente é bem educado, bem formado, interessado e atencioso e que reconhece que as tuas oito horas de trabalho não têm de ser um martírio para chegar ao fim do mês e ter um pagamento.

Mas é com pessoas contrárias que se perde a vontade de sorrir, de ser simpática e atenciosa e, acima de tudo, a vontade de falar e expor situações de desconforto. Pior mesmo é existirem conversas de corredor, que fazem questão de te fazer chegar, porque sabem que vais passar a mensagem, porque se há algo que me incomoda, são injustiças e situações desagradáveis... e por isso este ano fiz um voto de silêncio. Não quero saber da vida de ninguém, não quero saber de quem está bem ou mal no trabalho, não quero reagir por impulso, embora pretenda manter o meu mau feitio em ter resposta para tudo, se a situação assim o exigir, porque isto já não é defeito, é feitio. E como assim pretendo estar perante o trabalho, também pretendo aplicar esta lei à minha vida pessoal. 2022 foi mui exigente a nível de comunicação, principalmente nas relações. Nunca tive tanto medo de acreditar em alguém como agora, por ter vivido situações em que pessoas me diziam que me amavam num dia e no dia a seguir já tinham duvidas. Nunca pensei que pudessem brincar tão facilmente com os sentimentos de alguém, sim, porque ser transparente e dizer o que se sente ainda é visto como um sinal de fraqueza e não de sinceridade ou de afeto. Nunca me senti tão banal na vida.

Por isso sim, mais vale estar calada, não reagir ou agir. É deixar os dias passarem e criar uma bolha só minha, um mundo só meu onde ninguém me poderá afetar com palavras e ações. Está difícil de acreditar em alguém, sejam amigos, colegas, família ou paixões. Tudo são momentos e há sempre forma de nos recompormos mas a verdade é que eu não tenho de ser uma lutadora eterna para arranjar sempre soluções para aquilo que me magoa, assim como não tenho que andar sempre feliz e contente para mostrar a toda a gente que estou bem. Ninguém tem é o direito de me usar, brincar com sentimentos, alimentar sonhos e esperanças, implorar por um amor que depois não quer dar em troca, que depois não quer retribuir ou simplesmente quando não quer saber. O foco agora sou eu, quem define as regras da minha vida sou eu, quem permite agora sou eu. E embora tenha perdido o sorriso e o dom palavra, talvez ganhe outras coisas, como o respeito, a consideração, a empatia... e pode ser que tudo comece a mudar e a melhorar à minha volta, porque para viver a reclamar não vale a pena. E a ti, mais uma vez, obrigada por estares ai.

domingo, 1 de janeiro de 2023

Ano Novo

Finalmente ele chegou. O que vai trazer não sei, ninguém sabe, mas todos esperam que seja algo bom. Eu pessoalmente não espero nada. Já há muito que deixei de ter expectativas em relação a muitas áreas da minha vida. Não vale a pena sofrer por antecipação, criar grandes fantasias de sonhos que não passam disso mesmo. Pior ainda quando algo depende mais dos outros do que nós próprios, até porque, como costumo dizer, sou responsável pelo que digo e pelo que faço, não pela forma como sou interpretada ou como reagem a mim. Por isso sim, sinto que não vale a pena fazer planos, esperar algo de novo, algo mágico.

Quanto à passagem de ano, simplesmente odeio. Parece-me uma falsa desculpa para festejar um acontecimento que se repete todos os anos. Uma falsa felicidade. Primeiramente, é normal que uma rapariga que é introvertida e odeia multidões, não goste das confusões de fim de ano. Mas o que realmente me incomoda nem é isso, mas sim a gritaria, o histerismo, a felicidade do brinde, os desejos desesperados para o ano todo enfiados goela a baixo numa esperança ridícula de que aquelas passas façam milagres. Alguém que me explique, porque sinceramente é um dia que eu dispenso. O único bonito é mesmo o fogo de artificio que até faz chorar de tão perfeito que é... ao contrário do ano que acabou de passar, mais um a somar, sem nada de novo a acontecer, com rotinas iguais a todos os outros dias: trabalhar para pagar contas, folgar para tratar da casa e assim vamos (sobre)vivendo aos dias do ano.

O que eu gosto mesmo é das limpezas. Varrer de casa todas as energias do ano que está a acabar. Atirar com tudo o que já não interessa. Apagar da vida pessoas que não acrescentam, não agregam valor nem potencializam o nosso crescimento e evolução. Deitas fora o velho para dar lugar ao novo. Para isso também incluo um banho alongado, onde além do corpo se lava a alma. Porque o importante aqui não é o ano, não são os outros, sou eu.

Quanto ao resto é deixar andar, deixar o ano correr até voltarmos a estas datas. O que ele traz não sei, ninguém sabe. Ao menos que me traga tempo, que ultimamente parece que me falta, para poder dedicar ao que realmente quero, ao que realmente gosto e que tenha tempo para mim. Estou cansada de pessoas, farta de ter de lidar com seres humanos. A vida cansa, principalmente quando tudo é igual e já não esperas nada de ninguém porque sabes que ninguém, jamais, iria fazer por ti tudo o que estarias disposta a fazer por alguém. Quero o meu refugio, a minha caverna e esquecer o mundo lá fora. Tudo seria tão mais fácil e bonito sem pessoas. até porque ninguém me tira este vazio de sentir que não ando aqui a fazer nada. A vida tem me passado ao lado e tudo só acontece aos outros. Se faço por acontecer? O básico. Se tento mudar? O básico. Pra quê dar mais? Pra quê ser mais?

Acabemos com o discurso depressivo. Mas também não esperem que fique empolgada e extasiada por um novo ano começar, até porque as férias estão a acabar e tudo voltará ao seu ritmo de sempre. Se houver novidades eu conto, se não houver apenas desabafo. Não me julguem porque não sabem a minha história, não me condenem porque não sabem como realmente me sinto, mas ainda assim obrigada por estares ai.

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Voltar a Escrever

Costuma dizer-se "Ano Novo, Vida Nova" mas o ano ainda nem acabou e já quero mudar algo. Tendo em conta estes últimos anos, sei que algo se foi perdendo em mim. E uma dessas coisas foi a capacidade de colocar por escrito aquilo que sinto, o que imagino ou simplesmente desabafar algo que me inquieta. Sinto-me abandonada pela criatividade, pela incapacidade de me deixar levar pelas palavras, o que é algo irónico, já que sempre me senti melhor a escrever e colocar as palavras em papel do que em falar cara a cara com alguém. Sei que também tenho parte de culpa nisso, já que me fui desinteressando por mim mesma, visto que sinto que ninguém tem interesse naquilo que tenho para dizer.

Mesmo tendo um livro editado, alguns na graveta, uma conta de Instagram onde partilho contos ou pequenas frases de reflexão, cadernos cheios de pensamentos soltos, sinto que nada disto é relevante para alguém. Já ninguém tem tempo para ler, muito menos paciência para "ouvir" desabafos. Só se querem frases rápidas, imagens bonitas, músicas para fazer dancinhas, porque agora tudo tem de ser instantâneo. Até mesmo ao criar este blog dei por mim a pensar "mas onde raio te vais meter, criar um blog em pleno século XXI, quando já ninguém o faz!". Talvez esteja certa, ou talvez esteja errada, mas ultimamente dou por mim a fazer algo que há uns anos atrás não fazia… isto é por mim. Se quero voltar a recuperar a vontade pela escrita, se me quero motivar a escrever, se quero voltar a encontrar a criatividade em imaginar novos mundos e ter algo de bonito para dizer ao mundo, tenho que fazer por isso, e sei que este blog me vai ajudar.

O primeiro investimento já foi feito, comprei um novo computador, ando a planear novas organizações para decorar o meu escritório e torná-lo num espaço aconchegante para poder escrever, ouvir musica, ler livros e ser o meu santuário de refugio do mundo. Também me quero dedicar mais à pintura e trabalhos manuais e por isso mesmo, sinto que estou no caminho certo para chegar onde quero: Escrever. Esta paixão pela escrita já vem desde pequena, já que não tive irmãos com quem brincar, sempre tive diários para escrever coisas parvas de crianças e aos poucos comecei a criar os meus mundos e até a registar sonhos que tinha durante a noite. Adorava aquele momento só meu, o que me tornou uma pessoa muito analista em relação aos outros, observadora do mundo em meu redor e sim, um bicho do monte, solitário, mas sociável quando assim tem de ser. Comecei a escrever o meu primeiro romance com 14 anos e ainda hoje não sei como consegui, nem começar nem terminá-lo. Sem duvida que o facto de ter mais tempo me livre foi importante e contributivo para isso. Hoje em dia, ser uma adulta trintona acarreta outras responsabilidades que não me permitem viver daquilo que realmente gosto e me faz feliz… mas ando a lutar contra o sistema, e procurar formas de viver disto.

Escrevo este blog com pseudónimo, o nome da personagem de um dos meus livros favoritos, porque sinto que as pessoas tendem a não saber separar quem eu sou na vida real, daquilo que escrevo, daquilo que tenho para dizer enquanto escritora. Talvez assim consiga abordar tudo de forma diferente e até me faça sentir mais livre para estes desabafos que estão para chegar. Acima de tudo quero inspirar pessoas, preciso disso. Preciso de, alguma forma, sentir que chego a alguém que precisa de mim, que precisa ler ou ouvir o que eu tenho a dizer. Sei que não posso mudar o mundo, mas se puder mudar o mundo de alguém aos poucos, já valeu a pena estar aqui.

E vocês devem estar a pensar, para quem não anda inspirada, já anda aqui com um embalo… até eu estou surpreendida com este texto. E estou feliz, porque talvez ainda não tenha perdido o jeito, talvez precisasse mesmo de ganhar coragem para o fazer, para me sentar, ter este tempo para mim e para ti, e poder perceber que tenho tudo para chegar onde quero. Sinto que já valeu a pena o investimento. A ti, obrigada por estares aí.

Desilusões

Tenho evitado ao máximo falar de ti, escrever sobre ti, ou o que seja relacionado contigo, mas desta vez vou ter de o fazer, por parecer que...